quarta-feira, 31 de agosto de 2016

"A alegria da pobreza"


Diz-nos a imprensa que a Festa do Avante deste ano será ainda maior. Sustentado por uma campanha de recolha de fundos lançada em 2014, na qual foram arrecadados mais de 1,2 milhões de euros, o PCP adquiriu mais 7 hectares de terrenos contíguos à Quinta da Atalaia, transformando-se assim no maior terratenente da margem sul desde o tempo dos Condes de Atouguia. Estas são, na minha óptica, excelentes notícias. Antigamente, quando o Partido Comunista queria uma propriedade (no Alentejo, por exemplo), limitava-se a ocupá-la; agora há negociações, escrituras, pagamentos, e outras burocracias de carácter burguês! Quem disse que os comunistas não acompanham os tempos e estão mergulhados na ortodoxia marxista-leninista? 
Temos aqui, por outro lado, um retrato dos tempos sombrios vividos em Portugal durante o governo PSD / CDS. Por causa da miséria extrema imposta ao proletariado pelas políticas da direita só foi possível aos militantes do PCP, para além do pagamento das quotas, a entrega ao partido de mais 1,2 milhões de euros para aquisição de imóveis. Fica assim adiado, por culpa da exploração reaccionária patrocinada pela troika, o sonho de estender a Festa do Avante a toda a Península de Setúbal. 
A minha única interrogação, já antiga, é sobre a própria existência do evento. Habituado que estou a encarar as festas como momentos de celebração, nunca entendi bem o gigantesco acontecimento anual organizado na Atalaia. Dado o estado catastrófico do país e a pobreza generalizada que o PCP denuncia ininterruptamente desde o dia 25 de Novembro de 1975, a Festa serve para comemorar exactamente o quê?

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