quarta-feira, 10 de julho de 2013

A escrita no tempo dos vírus






O meu computador tem um vírus que não permite a colocação de acentos, aparecendo os mesmos em duplicado e ao lado das respectivas letras. Assim, se escrever a frase “o meu cão Átila saltou à cadela da minha vizinha que trabalha na Câmara”, o que me aparece no ecrã é

“o meu c~~ao ´´Atila saltou ``a cadela da minha vizinha que trabalha na C^^amara.”

Enquanto na forma correcta de escrita o leitor teria duas dúvidas:

1ª a minha vizinha tem uma cadela ou a minha vizinha é uma cadela?    
2ª considerando que a minha vizinha tem uma cadela, quem é que trabalha na Câmara? A minha vizinha ou a cadela da minha vizinha?;

na forma assumida pelo meu computador o leitor fica apenas com uma, de muito mais difícil resolução, e que pode ser resumida por “que merda é esta?”.

Já podia ter resolvido este problema pedindo ajuda a alguém que percebesse verdadeiramente de computadores mas resolvi não o fazer pois penso que este vírus me está a desenvolver o cérebro e a transformar-me num potencial jogador de xadrez do campeonato russo de infantis. Passo a resumir a maneira como estou a levar a vida:

O corrector automático trata de algumas palavras, bastando para isso ter o cuidado de não colocar o acento. Se escrever apenas “nao” em vez de “n~~ao”, aparece logo na forma correcta, ou seja, “não”. Outras palavras não são corrigidas automaticamente mas são sublinhadas a vermelho e posso alterá-las com o botão direito do rato. É o caso de “cao” ou de “botao”. Existem casos mais complicados mas são os melhores para a ginástica mental. Alguns exemplos: se quiser escrever “é”, tenho que escrever “es” (que não existe), alterar com o rato para  “és” e depois apagar o “s”; se quiser escrever “à”, tenho que escrever “ass” (porque se escrever “as” não é detectado nenhum erro), alterar com o rato para “às” e depois apagar o “s”.

Isto é apenas um pequeno exemplo uma vez que não consigo colocar nenhum acento em nenhuma palavra. Nem agudo, nem grave, nem circunflexo, nem til. Nem sequer consigo usar o saudoso trema. Em resumo, isto é das coisas mais divertidas que me já aconteceram desde que fiquei com a pila presa no fecho éclair no último ano do infantário.

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