quinta-feira, 4 de junho de 2015

Estimulemos os estímulos




Ao passar os olhos pelo site do Jornal de Negócios, descansando-os da penosa tarefa de visualizar ficheiros com formato XXX, prendeu-me a atenção um texto intitulado “O Estado criativo” da autoria de Mariana Mazzucato, um nome que me soou familiar embora não parecesse estar associado ao trabalho de visualização que estava anteriormente a desenvolver. Após uma breve pesquisa percebi que é uma  professora de economia, italiana, ligeiramente mais bonita que o Prof. Cavaco Silva e quase tão atenta às tendências da moda como a Prof. Teodora Cardoso. E percebi também que se trata da mais recente referência do PS no âmbito do investimento público. E o que nos diz Mariana Mazzucato? Resumidamente, que o sector privado é seguidista e precisa de estímulos, investindo apenas em áreas onde previamente tenham sido feitos investimentos públicos estratégicos. E dá como exemplo o iPhone, um produto inventado por privados que utiliza muitas tecnologias desenvolvidas anteriormente com recurso a financiamentos estatais.
Analisando a história da humanidade, tudo a leva a crer que esta teoria é correcta. Todos sabemos que o homem primitivo só investiu na obtenção do fogo através da fricção depois do Estado Pré-Histórico, em Conselho Cavernícola de Ministros, ter decidido investir na criação dos respectivos paus e pedras para friccionar. Em linguagem económica, podemos dizer que o desenvolvimento do pau proporcionou um momento escaldante, o que é sempre de enaltecer.
Se olhar para épocas mais recentes, mesmo não tendo qualquer competência para averiguar a veracidade da tese da professora italiana no contexto económico mundial, consigo encontrar facilmente alguns exemplos que confirmam a sua adequação ao contexto económico português. Vejamos: quando o Estado investiu na festa do Parque Escolar logo o Arq. Siza Vieira, agente privado, inventou uns bonitos candeeiros para colocar nos estabelecimentos de ensino remodelados; no caso dos transportes, o investimento estratégico do Estado na CARRIS, CP e STCP, fomentou o lucrativo mercado dos stands de automóveis; e a política de financiamento à TAP ajudou ao desenvolvimento e crescimento da Ryanair; temos também a aposta pública na compra de submarinos que fez nascer um novo negócio privado, as comissões no BES; e o apoio público à construção de estádios de futebol estimulou a prosperidade de empresas de remoção de teias de aranha e ervas daninhas.
Infelizmente, mercados internacionais adversos ao “estimulismo” e inimigos do empreendedorismo estatal, não permitiram ao governo anterior o investimento programado nas linhas de TGV. Com a prevista transformação de Lisboa na praia de Madrid, seria toda uma indústria têxtil devidamente estimulada para o fabrico de guarda-sóis e bikinis. E uma invasão de ruidosas estimuladoras de ciúmes conjugais.     


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