quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A reforma do Estado – 1ª parte



O Governo mais liberal de sempre vai dar à luz um novo organismo público para regular o mercado dos combustíveis. Nada a obstar. É evidente que nenhum dos 13 740* organismos já existentes na órbita do Orçamento de Estado poderia levar a cabo essa tarefa, dada a sua transcendente especificidade. Comparar o preço da gasolina da Galp com o preço da gasolina da Repsol não é igual a comparar o preço do atum do Pingo Doce com o preço do atum do Continente. Toda a gente que já observou os painéis dos preços dos combustíveis nas auto-estradas sabe que apenas profissionais altamente qualificados e dotados de olhos de águia conseguem discernir as diferenças que, evidentemente, devem existir.         

Além do mais, em prol do equilíbrio do mundo, são necessários decisores políticos originais na Europa que sirvam de contraponto aos outros decisores políticos igualmente originais que existem nos outros continentes. Se um dos Governos mais socialistas do mundo, o Cubano, tem vindo a despedir milhares de funcionários públicos nos últimos anos, é de todo necessário, para o yin-yang do Planeta, que um dos Governos mais liberais do mundo, o Português, se dedique a criar novos organismos públicos para acrescentar aos já existentes.

Os fenómenos aparentemente paradoxais devem existir em todas as áreas do conhecimento. Dado que as ciências mais exactas, como a matemática, e as menos exactas, como a linguística, têm direito a tal prerrogativa, seria altamente discriminatório que as totalmente inexactas, como a política, ficassem de fora. Se “tudo junto” se escreve separado e “separado” se escreve tudo junto, por que razão a reforma liberal do Estado não pode significar um aumento do mesmo? Também reformei o meu T2 no ano passado e, com a ajuda de placas de pladur, agora tenho um T3. E a reforma foi levada a cabo num contexto de total liberalismo uma vez que utilizei essa divisão adicional para guardar livros do Adam Smith. Qual é então o problema de usar um pouco de pladur no Estado, obtendo desta forma mais umas quantas divisões? Se forem posteriormente ocupadas por discípulos de Milton Friedman, não existe qualquer contradição. Más línguas, é o que é…

(to be continued)

* parece um número inventado, não? Amigos, o Aníbal não inventa, este número é real.

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