segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Ben Sira


“Toda a gente subestima a inteligência política de António José Seguro. Nunca percebi porquê. O homem vê mais longe com os olhos fechados do que os seus críticos com eles abertos. Bastou ouvi-lo na entrevista à TVI: o PS não vai exigir eleições antecipadas se o governo pedir um “programa cautelar”? Claro que não. Para começar, e até chegarmos a ele, há cortes para fazer – 3900 milhões – e um défice de 4% para respeitar em 2014. Depois, quando a “troika” partir e a Europa arranjar essa muleta para irmos aos mercados, serão mais 1700 milhões de cortes para um défice de 2,5% em 2015.

Por outras palavras: a legislatura presente será feita sob o signo da tosquia. Neste horripilante cenário, pedir eleições antecipadas é pedir para ser antecipadamente enfiado no espeto.
Seguro não tem vocação de mártir. Até 2015, a estratégia de Seguro é simples: deixar que o trabalho sujo seja feito por este governo. Depois, e só depois, o PS estará pronto para “assumir as suas responsabilidades.” Se isto revela falta de inteligência, eu gostaria de conhecer os inteligentes.”

João Pereira Coutinho – Correio da Manhã


João Pereira Coutinho defende que António José Seguro, ao adiar os seus desejos governativos para 2015, revela mais inteligência do que os seus críticos. Por questões religiosas, quando ouço a palavra “inteligência” sinto um dever moral de participar no debate. O Antigo Testamento transmite-nos que “quando um homem inteligente ouve uma palavra sábia, aprecia-a e acrescenta-lhe algo de seu”. Apesar de estar com pouco tempo não devo fugir a esta obrigação. Aqui vai:

Seguro não só tem mais inteligência do que os seus críticos, como tem também mais inteligência do que aquela que João Pereira Coutinho lhe atribui. As promessas actuais do líder socialista implicam o fim da tosquia e a reposição de algum do pêlo entretanto cortado ao rebanho. A primeira premissa não acontecerá em 2015 e a segunda não acontecerá antes de Seguro estar tão gagá como Mário Soares. Por saber disso, o homem do “qual é a pressa?” arranjará maneira de não ter de assumir nunca o lugar de pastor.

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